2023-02-22 | Percursos
Os lugares do Alto desde sempre representaram estar próximo do sagrado, do divino.
Na Maia, quando falamos de Lugares do Alto é com toda a propriedade que o dizemos de Folgosa e S. Pedro Fins.
Gonçalão e S. Miguel-o-Anjo, detentores da altitude máxima do nosso território (255m).
Lugares entre as serranias vizinhas e o mar que se vê ao longe.
O interior do Concelho que se projeta aos olhos dos vizinhos.
Por entre a natureza que se manifesta, pela memória de tempos reais e de edificado para o futuro, assim, são os lugares do Alto de Folgosa e S. Pedro Fins.
Vamos?!
Não precisa de vir de avião ou saltar de paraquedas, pode fazê-lo se quiser, aqui ao lado no Aeródromo de Vilar de Luz, mas o melhor, é mesmo percorrer tranquilamente o percurso que conduz aos lugares no Alto.
Comecemos pela capela da Senhora da Luz e Santa Bárbara, no lugar de Vilar de Luz, próximo ao lavadouro público e ao Ribeiro da Junqueira, primeiro afluente do Leça que nasce na Maia. Daqui também podemos apreciar o Gonçalão que nos convida a subir ao seu topo. Curioso nome, que seja em homenagem a Gonçalo Mendes da Maia.
Descendo pela encosta, junto ao cruzamento da Camposa, ficamos desde logo com uma referência gastronómica da Maia - Restaurante Quinta da Camposa e a certeza de ser um bom lugar para disfrutar de um almoço retemperador.
Ainda é cedo? voltamos mais tarde.
Iniciemos a subida, tranquila, apreciemos a flora tão rica e apreciada pelas colmeias que aqui existem e produzem um delicioso mel. Não é preciso muito, basta seguir o trilho da antiga Estrada real com vestígios de antigos muros que a ladeavam. Aproveite para a apreciar a envolvência do natural e do edificado, do alto e do humano.
Preparados para a descoberta? Vamos!
A descoberta recente de uma ruína de um edifício habitacional isolado no limite norte da rua do Monte, poderá corresponder a uma antiga estalagem de apoio à via que atravessa o Gonçalão. Esta hipótese é fundamentada com base na distância deste local à cidade do Porto, cerca de 20 km, um dia de jornada a pé ou carro de tração animal, e na sua localização na parte final da subida, de elevada pendente, para o cume do monte de São Miguel-o-Anjo: diziam os antigos que era o lugar da “muda da mula”.
Seguimos caminho até S. Miguel-O-Anjo, ponto mais alto do Concelho da Maia, situando-se numa elevação de geologia xistosa, atingindo 255 metros de altitude. Aqui, junto à Capela de São Miguel-O-Anjo, orientada a poente, com o respetivo adro que funciona como miradouro. É aqui que acontece a romaria a São Miguel-O-Anjo no dia de S. Miguel (29 de Setembro), ou no domingo seguinte; daqui também se pode avistar os limites do Porto, o Sameiro em Braga, a Santa Justa em Valongo, o Monte Crasto em Gondomar, e no horizonte... o mar.
Depois de apreciarmos devidamente este lugar no alto, continuemos a nossa viagem, descendo até à antiga Estrada Real, por entre arvoredo e campos, próximos a núcleos rurais, lugares de memória de vivencias agrícolas, que ainda hoje coexistem com a dinâmica da vida atual.
Continuemos por entre caminhos rurais até chegarmos ao Terreiro de Santo Ovídio, passando por Santa Cristina e pelo seu precioso núcleo de casas agrícolas e alguns exemplares da arquitetura das casas de “Brasileiro torna viagem” com os seus elementos de flora exótica. Chegados ao Terreiro do Santo Ovídio, encontramos um miradouro com uma vista privilegiada sobre Folgosa e S. Pedro Fins, e um parque ajardinado e arborizado, em frente à Capela de Santo Ovídio, com coreto e vistas para uma zona rural.
A Capela distingue-se pelo corpo principal da capela de forma quadrangular, de cobertura em telhado de duas águas. Foram adossados lateralmente dois corpos de cércea mais baixa e a entrada é marcada por um alpendre de duas águas. As aberturas são recortadas nas paredes laterais e pode observar-se um pequeno óculo na fachada principal da capela, por baixo do sino. De salientar a presença de um cruzeiro de frente para a capela, com inscrição na base "ANNO 1602.
Cansados? Os lugares do alto não cansam!