O edifício dos Paços do Concelho da Maia, idealizado e projetado no início da década de 70 do século passado, constituiu um marco arquitetónico no concelho da Maia, à altura profundamente rural, com uma indústria que começava a ganhar expressão no tecido socioeconómico do território.
A Maia, identificada na memória descritiva do anteprojeto, como um concelho de 16 freguesias (na atualidade são 10), de forte sentido gregário, de produção agrícola ligada à cultura de cereais e produtos hortícolas.
A construção do novo edifício, “que a comunidade exige e os condicionalismos amplamente justificam” constituiu um desafio da criação de uma nova centralidade que se desenhava, aproveitando a proximidade ao Porto, a confluência de dois importantes eixos viários, a EN107 e EN 14, e uma rede de transportes, que embora deficitária, permitia um crescimento demográfico que obrigou a uma resposta adequada por parte da autarquia. Segundo dados da época e que ajudam a corroborar este ímpeto inovador, o número de fogos em 1930 era de 6427 e em 1970 de 17.720 fogos.
O Edifício existente à altura, datado de 1902, não permitia uma ampliação ou requalificação qualificada do espaço. Segundo nota presente no auto do anteprojeto “o imóvel em causa é desprovido de quaisquer caraterísticas que o imponham, e situa-se, na perspetiva urbanística, inadequadamente situado”.
Pensado, idealizado e concretizado em pouco mais de uma década, este edifício, que alberga a administração de um território – a Maia, acompanhou durante o seu processo criativo a mudança política ocorrida em Portugal com a revolução de abril e simboliza ele próprio a construção de um processo democrático e evolutivo de uma comunidade que se afirma.
Personificação da governança de proximidade, é no salão nobre, também conhecido como sala D. Manuel I, que se realizam as Assembleias Municipais e que contém elementos identitários e simbólicos da Maia. Desde o travejamento dos tetos, à mesa da presidência da assembleia municipal, construídos com madeira de Riga provenientes do antigo edifício, até aos painéis de tapeçaria da autoria de Sobral Centeno – A Morte do Lidador e da Tapeçaria das artes de autoria de Álvaro Siza Vieira.
Outro espaço de destaque, é a Sala D. Pedro IV, espaço de acolhimento a visitantes e entidades nacionais e internacionais, que tem como principal motivo da designação a presença de D. Pedro IV na Maia e a ligação à luta entre liberais e absolutistas protagonizadas entre 1832 e 1836.
Anteprojeto 1971
Projeto 1973
Arquiteto António Machado/ Arquiteto Manuel Rodrigues
Inaugurado a 12 de julho de 1982
Praça Dr. José Vieira de Carvalho, 4474-006 Maia